Meu nome é Rennata Amorim, sou de Garanhuns - Pernambuco, sou casada, sou dentista, atuando nesse município, e também sou representante da deficiência intelectual no COMUDE - Conselho Municipal de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência em Garanhuns.
Mas o principal e mais encantador papel que eu exerço nessa vida é ser mãe de Antônio Lucas, que nasceu em 2004, uma criança que, posteriormente, mudaria por completo o meu modo de ver o mundo e a vida.
Percebi que havia algo de errado com ele logo nos primeiros meses de vida, pois era um bebê que não interagia de forma alguma conosco. Logo pela manhã, chegava até o berço dele e dizia: "Bom dia, meu amor!" E ele não esboçava nenhum sorriso, nenhuma reação emocional. Ao longo dos meses, fui notando também que ele parecia não ouvir quando o chamávamos.
Desde o início de sua vida, procuramos levá-lo a vários médicos, de diferentes especialidades. Interessante, hoje eu tenho certeza que coração de mãe não se engana mesmo, pois diante da apatia do meu filho em relação às coisas que aconteciam ao seu redor e às pessoas, logo pensei que ele poderia ser autista.
As frases que escutamos dos especialistas iam desde "Ele não é autista", "Ele tem problemas auditivos", até "Procure fazer terapia", ou ainda "Você está vendo problemas em seu filho que não existem". No entanto, nenhum deles, até então, me convenceu.
Então, resolvi por conta própria, buscar um maior conhecimento sobre o autismo, os sintomas, o porquê de determinados comportamentos e estereotipias, e principalmente como lidar com crianças com esse espectro. E cada vez mais, fui mergulhando nesse mundo, ora por livros, ora por pesquisas na Internet, e me convencendo que meu sexto sentido estava certo.
Até que, em 2007, veio a confirmação, por meio de uma neuropediatra: "Ele é mesmo uma criança autista!"
Tenho plena certeza que, enquanto vida eu tiver, desse dia nunca mais esquecerei.
Recebi o diagnóstico, disse apenas um obrigada, levantei-me da cadeira e saí da sala dessa médica. Ela ainda me chamou, mas não retornei naquele instante, precisava respirar, pois a sensação de sufocamento era absurda!
Comecei a andar sozinha sem rumo e pensando...Meu menino é mesmo autista!
Uma mistura de sentimentos foi tomando conta de mim de forma desesperadora. O medo do desconhecido, a incerteza diante do futuro... Costumo dizer que uma coisa é você achar que o seu filho possa ser autista, outra bem diferente é ter a certeza. Uma verdadeira avalanche de pensamentos e questionamentos começaram a surgir na minha mente: "Nossa! Quer dizer que eu estava certa, ele é autista!". "Mas como assim, autista?", "Antônio Lucas, autista?" Nos primeiros momentos, confesso que pensei que fosse enlouquecer. A dor era dilacerante, insuportável!!!
Voltei pra casa, encarei aquela nova criança que acabara de "surgir" na minha frente, abracei-a forte, entendendo agora o porquê dela se incomodar com meus abraços e beijos. Comuniquei à minha família, que, de prontidão, acolheu-me, e, em seguida, eu me isolei e chorei, chorei muito, dias seguidos...
Tempos depois, senti Deus restaurando o meu coração de mãe tão machucado. Percebi-me, com o passar dos dias, meses, mais forte e decidi partir pra fase de luta onde persisto até os dias de hoje. A minha maior busca, o meu maior objetivo de vida, desde então, foi procurar, diária e incessantemente, a felicidade do meu filho.
E agora, apresento pra vocês Antônio Lucas, meu filho autista, meu maior motivo de orgulho e minha maior razão de viver, hoje prestes a completar 10 anos:
Oi Renata !!
ResponderExcluirTe admiro por você ser essa mulher forte , lutadora e acima de tudo essa mãe doce e linda .
Lendo esse depoimento ,lembrei do dia que você colocou o vídeio e perguntou se eu entendia o sentido da aquela mensagem . Lembra ?? Respondi que desconfiava que Lucas fosse autista . E te perguntei , ele é autista ? Você me respondeu com toda segurança do mundo sim ele "é autista " Nossa já estava emocionada só de ver a mensagem lindaaaa..., confesso que com a certeza fiquei muito mais , pois chorava quieta no meu canto imaginando o que viria pela frente na vida de vocês . Você como sempre foi guerreira me mostrou tanta firmeza, tanta garra que por um momento parei de chorar e passei a te admirar mais ainda .
Você foi escolhida por DEUS pra lutar por esses ANJOS e por essas mães que tanto precisam de apoio.Acredito muito que nada é por acaso . DEUS te deu essa missão e que você desempenha com maestria .
Um grande beijos minha amiga admirável !!
Katyanne Fagundes.
Ao ler o texto da minha filha Rennata, passou um filme na minha cabeça, mas ao mesmo tempo lembro bem da 1ª notícia assim que chegou em casa, nos reuniu e anunciou:" não é mais suposição, nosso menino é autista, vamos para a luta! Precisamos pedir a Deus força e a partir de agora compreendermos os seus desígnos. Para mim foi a maior demonstração de coragem, de confiança, de amor, de aceitação, e antes de tudo de renúncia que já pude presenciar em toda minha vida! Acredito que a nossa família, desde então, nunca mais foi a mesma. Hoje, temos um lindo Anjo em nosso meio! Uma criança que pra nós nunca foi um peso, e sim um presente de Deus! Presente esse que nos renovou e nos tornou pessoas infinitamente melhores!
ResponderExcluirParabéns, minha filha tão linda, pelo seu exemplo diário do que é ser MÃE no sentido mais amplo e literal da palavra. Pela sua capacidade de lutar não só pelo seu filho, mas também de tentar incessantemente ajudar tantas outras mães, muitas vezes desprovidas da sua coragem em enfrentar a realidade: de que se tem um filho(a) autista, mas que certamente assim como vc, foram escolhidas por Deus para gerarem esses verdadeiros anjos de luz nas nossas vidas!
Núbia Bezerra